sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

O que acontece com o San Lorenzo?


O que era para ser um ano de festa até agora está se tornando um ano para esquecer.

O San Lorenzo completa em abril próximo 100 anos de existência. Por lá passaram nomes do quilate de Héctor Veira, José Sanfilippo, Héctor Scotta e Oscar Ruggeri. E, até o meio do ano passado, tudo indicava que o ano do centenário seria de muitos festejos para o Ciclón. Comandado por Ramón Díaz (que sucedeu a Oscar Ruggeri depois de uma saída conturbada), o time de Boedo sagrava-se campeão do Torneio Clausura de 2007, credenciando-se à disputa do título que ainda não possui: a Copa Libertadores da América. Para os torcedores azulgranas, conquistar o máximo torneio das Américas no mais importante ano do clube seria a maior das glórias.

Assim, era natural que o grupo relaxasse um pouco no Apertura. No entanto, até que o desempenho não foi tão ruim: ficou em 8o. lugar estando à frente do Independiente (que liderou o Apertura por 13 rodadas), do Racing e do River.
Como o San Lorenzo precisava equilibrar suas contas, teve que se desfazer de alguns jogadores. No final do ano, foram concretizadas as saídas de Osmar "Malevo" Ferreyra (foi para o Dnipro), Cristian "Lobo" Ledesma (foi para o Olympiakos) e Gastón "La Gata" Fernández (foi para o Tigres). Esses três jogadores foram considerados os pilares do time campeão do Clausura do ano passado.

A fim de repor o elenco, para a temporada desse ano vieram Placente (com passagens pelo Bayer Leverkusen e pelo Celta), Bergessio (atacante que se tornou conhecido jogando pelo Racing), e, por último, D´Alessandro (revelado pelo River e que estava no Zaragoza). Esses jogadores se somaram às presenças de
Bilos (fez sucesso no Boca) e Romeo (que jogou por quatro anos no San Lorenzo e estava no Osasuna), que vieram no meio do ano passado.

No Torneio Pentagonal de Verão, onde os chamados "cinco grandes" argentinos se enfrentam, o San Lorenzo empatou dois jogos (com Boca e Independiente) e perdeu os outros dois (para Racing e River). Pelo Clausura, já são três derrotas seguidas, para os limitados Newell´s e San Martín em casa e para o perigoso River como visitante. Pela Libertadores, o time perdeu do Caracas e empatou com o Cruzeiro, ficando em situação difícil para classificar-se à próxima fase da competição.


De acordo com alguns ex-jogadores, a pressão cada vez maior pelos resultados vem atrapalhando os jogadores, apesar de a média de idade deles ser de quase 25 anos. Some-se a isso a crescente irritação da torcida e a falta de sorte em alguns jogos. No jogo contra o San Martín, por exemplo, foram criadas mais de 15 chances de gol. Todavia, foram os visitantes de San Juan que marcaram no final do jogo e levaram os 3 pontos. Apesar disso, uma boa parte da torcida ainda acredita que essa fase é apenas passageira e que quando o primeiro gol surgir os resultados chegarão. Só resta saber quando isso acontecerá.

Tudo indica que Ramón Díaz terá mais problemas: no último jogo contra o River, D´Alessandro sentiu um problema na perna direita e teve de ser substituído aos 22 minutos do primeiro tempo. No dia seguinte veio a confirmação da lesão: ruptura fibrilar no músculo isquiotibial. Com isso, ele fica fora do time por, pelo menos, 20 dias. O técnico do Ciclón com isso ganha mais um problema para enfrentar o líder Estudiantes amanhã, no Nuevo Gasómetro.

A fase anda tão ruim que nem um pouco de sorte o time consegue dar aos seus admiradores. Viggo Mortensen, que disputava o Oscar de melhor ator pela atuação em "Senhores do Crime", esteve presente na festa da Academia com uma bandeira do clube para mostrar caso ganhasse a estatueta. Acabou perdendo a disputa para Daniel Day-Lewis. O motivo para levar o adereço é a enorme paixão que Viggo adquiriu pelo San Lorenzo, já que morou por oito anos em Buenos Aires. De mãos abanando, teve de se contentar em desenrolar a bandeira na barriga da atriz Cate Blanchett, que está grávida.

Montagem: www.lanacion.com.ar

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Antigua e Barbuda: Organização boa, futebol fraco

Imagine-se andando numa praia de uma ilha no Caribe. De repente, você se depara com Eric Clapton deitado numa poltrona. Andando um pouco mais, é possível ver Giorgio Armani passando bronzeador. E, por fim, pode cruzar com Oprah Winfrey e conversar animadamente com ela sem se preocupar com seguranças ou fotógrafos.

Pois isso tudo pode acontecer em Antígua e Barbuda. Essa nação composta por duas ilhas foi descoberta na segunda viagem de Cristóvão Colombo à América, em 1493. A ilha principal era chamada de ‘Wadadli’ (algo como ‘nossa terra’, no idioma indígena) pelos índios arauaques. O nome ‘Antígua’ foi escolhido pelo navegador, para lembrar a igreja de Santa Maria La Antígua, situada em Sevilla. Já o nome ‘Barbuda’ deriva dos liquens que pendiam das palmeiras situadas nessa ilha e que, segundo seus descobridores, lembravam as barbas dos homens. Cerca de dois séculos depois, no entanto, a Espanha perdeu o domínio das ilhas para os ingleses, que colonizaram o território e concederam a independência ao país somente em 1981.

Início desastroso e volta lenta aos gramados

Com a influência inglesa, esportes como o críquete e o futebol logo passaram a ser praticados nas ilhas. A Associação de Futebol de Antígua e Barbuda foi fundada em 1928, apenas um ano depois do início das atividades da Federação Mexicana. A primeira partida oficial disputada pela seleção de Antígua e Barbuda, porém, só ocorreu 44 anos depois, em novembro de 1972. E a estréia foi péssima: uma derrota de 11 a 1 para Trinidad e Tobago, em jogo válido pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 1974. Em seu terceiro jogo, os antíguanos levaram 6 a 0 do Suriname, em partida válida também pelas eliminatórias.

A derrota pareceu ter abalado os habitantes e futebolistas das ilhas, pois somente seis anos depois a seleção de Antígua foi organizada para entrar em campo novamente. Pelas eliminatórias, Antígua só voltou a jogar em 1984, quando a disputa era por uma vaga no Mundial do México. Desde então, o time nacional não parou mais de jogar, seja em amistosos, seja em torneios continentais organizados pela Concacaf.

Em 1998, a seleção antiguana conquistou aquele que seria seu melhor resultado na história em competições internacionais: obteve um ótimo quarto lugar na Shell Caribbean Cup, torneio que envolve equipes caribenhas de menor expressão e qualifica o campeão a disputar a Copa Ouro. Na semifinal, Antígua vendeu caro uma derrota por 1 a 0 na prorrogação para a Jamaica, que tinha acabado de disputar a Copa da França. Logo depois, perdeu do Haiti por 3 a 2, na disputa do terceiro lugar.

Nas eliminatórias para a Copa de 2006, Antígua foi eliminada pelas Antilhas Holandesas, ainda na primeira fase. Em fevereiro e março de 2008, os Wadadli Boys, como é chamada a seleção antíguana, enfrentam Aruba pela primeira etapa das eliminatórias para a Copa da África do Sul. Para tentar evitar mais uma eliminação precoce, o técnico Derrick Edwards convocou para a seleção jogadores que atuam na Liga de Trinidad e Tobago, caso de Peter Byers, Gayson Gregory e George Dublin. Gregory foi o artilheiro da liga trinitária em 2007, marcando 15 gols pelo San Juan Jabloteh, time que foi o campeão da temporada. Antes dos jogos contra Aruba, Antígua enfrentará Barbados em um amistoso de preparação.

Jogadores amadores, organização profissional

A liga de Antígua tem três divisões: a Premiere League, a First Division e a Second Division. O campeão de títulos nacionais, disparado, é o Empire FC, com 13 conquistas. O English Harbour (que está na segunda divisão atualmente) e o Bassa possuem três títulos cada um, e o Parham e o Villa Lions têm dois cada. Também há uma liga de futebol feminino, a FA Cup. Os torneios masculinos começam em setembro e terminam em abril. A liga feminina começa em outubro e acaba em agosto.

Todos os jogos da Premiere League e da seleção antíguana acontecem no Antígua Recreation Ground, que serve também para a prática do críquete. Até 2006, esse estádio era palco de jogos da seleção das Índias Ocidentais, que reúne 12 países caribenhos de língua inglesa (Anguilla, Antígua e Barbuda, Barbados, Dominica, Granada, Guiana, Jamaica, Montserrat, São Cristóvão e Nevis, Santa Lucia, São Vicente e Grenadinas e Trinidad e Tobago). Como em 2006 um novo estádio foi construído para receber os jogos da Copa do Mundo de Críquete de 2007 (o Sir Vivian Richards Stadium), acredita-se que o Antigua Recreation Ground seja cada vez mais usado para a prática do futebol.

Um aspecto muito interessante e digno de nota é que a associação antiguana mantém um conteúdo muito bom em seu site (www.footballantigua.com). Lá, é possível conferir as fotos dos jogos ocorridos, a classificação dos times em todas as divisões, ver vídeos das partidas, conferir notícias do futebol local, regional, internacional e da associação, cadastrar o e-mail na newsletter do órgão, que é enviada uma vez por semana e até ver as representações da cada clube com o nome do responsável e seus números de telefone.

Ao menos nesse quesito, a Associação da Futebol de Antígua e Barbuda ganha de goleada de muitos países tradicionais no futebol mundial.

*Texto de minha autoria publicado na coluna "Conheça a Seleção" do site Trivela