sábado, 22 de março de 2008

Salve(m) o XV de Novembro

Antigo distintivo do XV de Piracicaba

Parece que foi ontem.

No dia 28 de Janeiro de 1995, eu, um tio e mais alguns amigos aprontamos os carros e nos dirigimos a Piracicaba para ver o Corinthians jogar. Por lá muito sol e calor e a cidade estava toda tingida em preto e branco ansiosa para ver a estréia dos dois times no Campeonato Paulista.

No final do ano anterior, o Corinthians havia perdido o Brasileirão para o Palmeiras. Uma reformulação geral veio e jogadores como Gralak e Branco foram dispensados. Em contrapartida chegaram Vítor, Bernardo e Fabinho. Além disso, os principais nomes do time foram mantidos: Ronaldo, Souza, Marcelinho e Viola.

Três dias antes desse jogo, o Corinthians havia ganho a Taça São Paulo de Futebol Junior, batendo a Ponte Preta por 3-2. Desse time, o técnico Eduardo Amorim aproveitou alguns talentosos jogadores surgidos de lá, caso de Zé Elias, André Santos e Silvinho. A torcida estava de bem com o time, que surgia como um dos favoritos à conquista do título paulista daquele ano.

Do outro lado aparecia o XV. Com injeção de capital vinda de seus patrocinadores recém contratados (TAM e Umbro) o time trouxe um reforço considerável: o volante Doriva, que havia atuado no São Paulo com relativo sucesso, conquistando títulos importantes. O elenco contava ainda com o zagueiro Biluca, o goleiro Anselmo e o atacante Cláudio Moura. No banco, o Nhô Quim tinha o excepcional Rubens Minelli.

No final do jogo, com calor e tudo, o XV ganhou por 2-1. Fomos obrigados a ver uma bela exibição do time do interior, com marcação cerrada, aplicação tática e valentia de sobra. Parecia que o time de Minelli daria muitas alegrias à torcida quinzista ao longo do Paulistão.

Mas somente parecia. Aquela seria a última participação do XV na primeira divisão do futebol paulista. O time cairia e subiria para a segunda e terceira divisões, sem o mesmo sucesso dos anos anteriores.

Apesar da queda no estadual, o final do ano reservaria uma grande glória para o XV: o time sagrou-se campeão da Terceira Divisão do futebol brasileiro, disputando a final contra o Volta Redonda. O número recorde de 104 participantes na terceira divisão trouxe um brilho ainda maior para a conquista do Nhô Quim.

Nos anos seguintes em que o time disputaria a segunda divisão do futebol brasileiro, o XV fez parte do mesmo torneio que Ponte Preta, Náutico, Santa Cruz, Paysandu, Bahia e Fluminense também disputavam. Depois de alguns sucessos e fracassos, o XV novamente caiu pra terceira divisão nacional em 2002 e deixou de disputá-la dois anos depois devido a problemas financeiros.

Atualmente, o temido XV de outrora é apenas uma sombra do que foi o time um dia. Um XV forte, vice-campeão paulista de 1976, está sumindo aos poucos. Hoje apenas restam lembranças de um passado glorioso que o tempo parece apagar.

Mesmo disputando com dignidade a Série A-3, um time da tradição do XV não deveria ficar de fora da elite do futebol paulista. Sua torcida fanática e fiel continua indo ao Barão de Serra Negra prestigiar os jogadores que tentam trazer o XV para o lugar que lhe é devido. A caminhada é difícil e os adversários são perigosos. Flamengo de Guarulhos, Votoraty e SEV/Biônico são, por enquanto, os times que o XV tem que enfrentar para subir à segunda divisão paulista.

No último dia 3, o fundo do poço parecia ter chego ao clube: O time foi punido com a perda de seis pontos na disputa da A3. A falha: a escalação irregular de um jogador (Rafael Gonzáles) contra o São Carlos. À época, o time tinha 7 pontos e ficou reduzido a apenas um.

Com esse acontecimento, muitas pessoas temeram pelo fim das atividades do futebol profissional do clube, já que a situação financeira do XV continua não sendo das melhores. Até os mais apaixonados defensores do Nhô Quim temiam pelo pior.

No entanto, no último dia 17, veio a notícia que todos esperavam: o XV recuperou os pontos perdidos da A3. Como o julgamento de Rafael aconteceu depois da Série A3 já ter começado, o clube foi absolvido, já que a punição só vale para a competição seguinte ao julgamento. Assim, o jogador terá que cumprir suspensão de uma partida no próximo campeonato organizado pela FPF. O XV, assim, subia a 13 pontos e ficava numa posição intermediária na tabela, podendo chegar ao G-8 nas próximas rodadas.

A situação atual do XV serve para ilustrar bem as consequências de uma administração trágica, aliada a diretores técnicos incompetentes e falta de profissionalismo para tratar de questões relativamente simples, como essa punição recebida pela FPF.

A solução para o XV pode estar na formação de novos talentos. Para um clube que revelou Mazzola, De Sordi, Chicão e Pianelli, o investimento nas categorias de base deverá ser cada vez mais priorizado para que o futebol gere lucro ao clube. Com uma administração séria e os recursos aplicados em melhorias de infra-estrutura para a revelação de novos jogadores, o time pode criar condições para sua sustentabilidade e obtenção de melhores resultados no futebol. No começo desse ano vimos que é possível. Na Copa São Paulo de Futebol Junior, o XV ganhou do Flamengo por 3-2.

Atual distintivo do XV de Piracicaba

Um comentário:

Anônimo disse...

São lembranças assim que tenho, no meu caso, com a Portuguesa Santista. Quantos jogos sensacionais a que eu pude assistir no Ulrico Mursa entre a Briosa e o São Paulo!

Um deles, o mais inesquecível, foi um 4 a 4, com um gol do Rogério de falta -- para alguém que pouco pode ir ao Morumbi, ver um gol dele de falta é raro e memorável.